Crazy warnings

Não quero mais senão um ritmo repetido,
acompanhado por notas soltas de um piano perdido.

A voz, inesperada, traz o timbre da minha saudade.
Notas longas, agudas, brilhando longinquamente em acordes relativos menores.

Embebedo-me na música.
Copos de ti que jamais vou deixar de tocar.
Copos de ti que quero que me façam esquecer…

Crazy Warnings

(Kane)

So I’m kind a like,
waiting,
staying here just,
killing time
And I’m writing you this because I,
I want to let you know,
that I’m,
still around.
Hoping that you would hear this,
and let you know,
that this is written only,
only for you.
I was wondering if you still know that eh,
that we’re in it,
that we're in it for life.
I feel different now ok.
please, well,
I am still around.
You know that right.
Sometimes I got the feeling that you don’t.
I got the feeling that you don’t
Sometimes,
I got the feeling that you can’t.

I know I let you down,
But then I knew,
I always would.
some things feel better now,
But then I knew,
They always would.

So don't you stay,
Oh don't just wait,
Oh don't you know,
I had to let you go.

Still I miss your crazy warnings,
Like I knew I always would.

I just want to let you know,
I've got a feeling that you're always here,
Always here.
I just want to let you know...

Para sempre... ausência...

Com a garrafa de vinho na mão, pegou no copo dela e encheu-o, como há anos o fazia. Poisou o copo na mesa e, olhando para o vazio do lugar dela, apercebeu-se que ela não estava. Que ali não estaria de novo, para beber do copo que ele sempre enchera.
Suspirou.

“Depois de amanhã faz 54 anos que nos casámos!”, disse em voz timbrada, num silêncio que apertou o vácuo existente numa só respiração.
Ficou olhando para o outro lado da janela, enquanto as pessoas, imperceptíveis, enchiam seus pratos.

Antes de começar a almoçar, olhou para o céu. Virou o seu olhar uma última vez para o copo que enchera enamoradamente, e disse num leve sussurro inacabado:

“o meu sol já se foi embora…”

Descansa em paz, minha avó querida...
(22 Dezembro 2004)

Um simples toque...

Um frio quente arrepia-me...
Estás gelado, mas teus lábios ainda se mexem para sorrir.

Parou de chover. Oiço as tuas mãos sentirem as minhas, enquanto me olhas no escuro. Ao longe, a melodia dum piano. Fugimos, embalados em pautas que terminam no fim da recta para o infinito.

Tomara o fim ser apenas um início...
Tomara o fim não acabar...