"Fátima... a Boneca adormeceu..."
Esta foi a mensagem subtil e brusca que recebi pouco depois de ter recebido uma Menção Honrosa relativa a um Concurso de Escrita. Telefonei logo para meu pai para acreditar que não tinha sido capaz de a salvar...
Caí na areia ao desligar o telemóvel e permaneci duros minutos encolhida, enquanto, por coincidência, o sol ia morrendo para trás do mar. Tirei então a última fotografia onde a minha gata mais estaria presente...
À noite, o meu corpo insistia em encolher-se de forma a sentir o teu calor, o teu carinho. Desde novembro que todas as noites, quando eu chegava a casa, andavas atrás de mim, deitando-te no mais próximo de mim. Chateava-me obviamente contigo pois aproximavas as tuas patas da minha cara, e brincavas com os meus cabelos, arranhando-me por vezes... Eu empurrava-te para baixo com um braço e, agarrando-me tu com uma pata, aconchegavas logo o focinho dentro da minha mão, impedindo-me que a retirasse. Numa cama indivual, eu cedia-te metade da cama, a metade que eu mais gostava, mais quentinha... e tu, que te habituaste àquele cantinho, sempre que eu ia para o meu quarto deitavas-te logo lá...
Ainda tenho o teu cheiro nas minhas mãos...
Ainda tenho os teus pêlos na minha roupa...
Ainda tenho o teu sorriso na minha memória...
Mas já não te tenho a ti...
(15 de Julho de 2004, tal como se fosse hoje...)