Para lá da música
Nestes últimos anos da minha vida ouvi frequentemente as perguntas: “Como é possível estudar música e ao mesmo tempo procurar seguir um outro curso?” “Como aguentar quase 50 horas de aulas semanais e ainda ter tempo para trabalhos escolares?” No entanto, isto pode acontecer quando o amor por uma arte é mais forte do que qualquer bem material.
“Maria” sonhava seguir o curso de música no secundário, mas na devida altura barraram-lhe o caminho, “a não ser que tirasse, paralelamente, outro curso numa escola oficial para ter a equivalência do 12ºano”. A adaptação não foi fácil e mais do que uma vez pensou em desistir. Surgiram problemas de saúde, chegando ao ponto de não conseguir tocar piano, a sua paixão, por ter os braços “presos” das dores e da falta de forças...
Exprimir por palavras o que “Maria” viveu por duras semanas é estranhamente redondo. Andamos à volta do mesmo sem conseguir chegar ao centro, ao que realmente se sente no recôndito. Quando se tem algo é muito difícil pensar na sua importância. Todavia, como será viver sem os dois braços?... No entanto, o afastamento de algo que amamos pode ser positivo na medida em que lentamente nos permite descobrir cores previamente imperceptíveis.
A música, sentida como terapia, faz ver cores em tons incertos da nossa vida. A dificuldade em conciliar várias ocupações na mesma fase da vida pode ser terapeuticamente sustentada pelos efeitos da música. Qualquer sensação auditiva pode influenciar os ritmos cardíacos ou respiratórios, o que é positivo se associarmos estilos como o barroco, clássico ou romântico ao stress de Lisboa. Pode também ampliar os limites da fala, actuando como um recurso alternativo à comunicação verbal, trabalhando assim como um trabalho psicoterapeutico.
A terapia musical tem ainda pouca aceitação, devido particularmente ao número e à natureza limitada de provas clínicas. Contudo, têm sido avaliados resultados positivos no que diz respeito à redução dos níveis de medicação e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, nomeadamente em crianças autistas.
Aproximando-me do fim desta crónica, relembro “Maria”, uma moça, vítima da música e dos sonhos destruídos, procurando pelas cores nas cordas paradas do piano, sem quem lhes toque. No entanto, a sua esperança permanece, agora que sente a música como terapia para sorrir e aprender a viver.
Oiçam uma música alegre com boas recordações quando vos faltar o sorriso, e será mais fácil compreender todas as palavras que escrevi hoje.
Saudações musicais!
__________________
Minha crónica para o Jornal "O Clarão" da Escola Secundária de Camões
“Maria” sonhava seguir o curso de música no secundário, mas na devida altura barraram-lhe o caminho, “a não ser que tirasse, paralelamente, outro curso numa escola oficial para ter a equivalência do 12ºano”. A adaptação não foi fácil e mais do que uma vez pensou em desistir. Surgiram problemas de saúde, chegando ao ponto de não conseguir tocar piano, a sua paixão, por ter os braços “presos” das dores e da falta de forças...
Exprimir por palavras o que “Maria” viveu por duras semanas é estranhamente redondo. Andamos à volta do mesmo sem conseguir chegar ao centro, ao que realmente se sente no recôndito. Quando se tem algo é muito difícil pensar na sua importância. Todavia, como será viver sem os dois braços?... No entanto, o afastamento de algo que amamos pode ser positivo na medida em que lentamente nos permite descobrir cores previamente imperceptíveis.
A música, sentida como terapia, faz ver cores em tons incertos da nossa vida. A dificuldade em conciliar várias ocupações na mesma fase da vida pode ser terapeuticamente sustentada pelos efeitos da música. Qualquer sensação auditiva pode influenciar os ritmos cardíacos ou respiratórios, o que é positivo se associarmos estilos como o barroco, clássico ou romântico ao stress de Lisboa. Pode também ampliar os limites da fala, actuando como um recurso alternativo à comunicação verbal, trabalhando assim como um trabalho psicoterapeutico.
A terapia musical tem ainda pouca aceitação, devido particularmente ao número e à natureza limitada de provas clínicas. Contudo, têm sido avaliados resultados positivos no que diz respeito à redução dos níveis de medicação e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, nomeadamente em crianças autistas.
Aproximando-me do fim desta crónica, relembro “Maria”, uma moça, vítima da música e dos sonhos destruídos, procurando pelas cores nas cordas paradas do piano, sem quem lhes toque. No entanto, a sua esperança permanece, agora que sente a música como terapia para sorrir e aprender a viver.
Oiçam uma música alegre com boas recordações quando vos faltar o sorriso, e será mais fácil compreender todas as palavras que escrevi hoje.
Saudações musicais!
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Minha crónica para o Jornal "O Clarão" da Escola Secundária de Camões
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