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Confidências de uma tocadora de piano

Música de fundo: tema do filme "O Piano"

quinta-feira, abril 29, 2004

Minha vida é um sonho, onde adormeço na dura realidade.
Escassas as vezes em que acordo e relembro que a música, sentida como terapia, faz ver cores em tons incertos da nossa vida.

sexta-feira, abril 23, 2004

Sonho de uma noite...

Apalpando escada a escada, subo lentamente. Aproximo-me do banco e, hesitando um pouco, sento-me. Uma pequena luz espreita interrogada, e ilumina toda a área do piano. Estranho, mas é como se não a visse. Poiso os dedos nas teclas e, fechando os olhos, começo a criar uma harmonia sublime, que me aproxima de todo o meu mundo.
Naquele momento, só sinto a minha alma e algo obtuso...

Continuo a tocar. O silêncio que penetra aquela sala é demasiadamente inacessível e aquela acústica tão perfeita!... Minha alma se eleva.
Assim fico, tempo, tempo e tempo...

Termino o concerto falando nos meus dedos a expressão musical “morrendo” e, chegando ao fim, deixo cair minha cabeça, sem me levantar do banco. Em segundos oiço palmas escondidas, do fundo do auditório, mas a plateia está completamente escura e a luz viva brilhando para o piano encadeia meus olhos. Só vejo o preto.. O preto que a luz me faz ver...

As palmas ouvem-se por tempo indefinido, mas ninguém fala, ninguém se faz existir visualmente. Estaria eu sonhando demais?
Estava demasiado longe, pensei.
Por momentos senti-me traída.

Acordei.
Naquele palco eu estava sozinha, mas alguém acendera a luz para o piano e alguém batera palmas do fundo da plateia...
Alguém em puro silêncio...
Alguém...

quarta-feira, abril 21, 2004

Sonho perdido de seu sentido

Oiço vozes pretas, vindas não sei de onde. Chamam-me. Repetem um nome que desconheço, mas chamam-me.
Minhas palavras saem mas perdem-se rapidamente no escuro. Perdem o sentido e esfolam-se no chão desarrumado.
Canto, como resposta ao chamamento que persiste. A melodia... a melodia que tento suspirar baixinho perde seu sentido e atonalmente espanta minha alma e meu corpo, tornando-os incapacitados de se unirem.
As vozes cada vez mais perto insistem em ressoar sons estranhos e codificados.
Aproximo-me então do piano, agora preto acizentado, pesado de tanto pó, e, ignorando quaiqueres dores, forças ou carência das mesmas, encosto as pontas de meus dedos às teclas e relembro o inesquecivel perdido.
Tanto tempo impedida de falar por música, procuro recuperar, mas não encontro o sentido. Sinto-me, então, perdida e incapacitada para continuar.
Oiço, agora que desisto, vozes descodificadas infantis, uma última vez.
"Quem és tu?"
"Ninguém", respondo cansada... "ninguém, sem sentido e sem nome...
...só ninguém".

sábado, abril 17, 2004

Adormecer só...

Agora, no escuro, tudo é tão estranho!... Sinto nas vísceras o vazio do ar e das pessoas que o respiram...
Neste silêncio, oiço o zurrar do novo Metro, em Odivelas. Grito recente e estranho... Aliou-se ao ressonar habitual do frigorífico... Assustam-me...
Fecho-me ainda mais dentro da cama. Tenho medo, estou sozinha... Sim, totalmente só... Atiraram meu coração para o fundo obscuro do poço. Abandonaram-no. E agora fiquei só, no vazio estranho, perdida sonoramente no escuro.

sexta-feira, abril 16, 2004

Ao Som da Poesia


Habita em mim uma poeta diferente
uma artista delinqüente
porque a inspiração só consegue me invadir
quando alguma música começo a ouvir
É nesse momento então
que sento-me em meu piano de cauda
e vou tocando as minhas palavras
Sim, eu não as escrevo
eu simplesmente as toco
e em teclas macias
transformo meus sentimentos em poesia
Ora componho sobre o amor
ora sobre a saudade
ora sobre a tristeza
ora sobre a amizade
e cada acorde musical
faz de mim essa poeta original
que busca em tantas situações
as suas inspirações
Além de tudo isso
eu ainda necessito
da partitura
em forma de imagem, envolta no arco-íris
que se transforma na moldura
da poesia que estou a dedilhar
e que pra longe de mim
consegue me levar

Existe sonoridade no que eu escrevo
notas musicais
dó ré mi fá sol lá si
por isso aprisiono-me aqui
tentando compor
em nome do amor
ao som de valsas e boleros
e é só isso que eu quero
só disso que preciso
Do contrário minha poesia vai virar rabisco
vai esvaziar
e sem rumo, sem direção, se acabará
enquanto minhas composições
distantes das teclas da emoção
imperceptíveis ficarão.


Silvana Duboc

quinta-feira, abril 15, 2004

Ao fim de alguns anos, passo tantos dias sem tocar piano... Fui surpreendida pela dor... dor física, mas acima de tudo dor de ouvir tantas pessoas proibirem-me de tocar... Já passou mais de uma semana e eu, presa à minha incapacidade, continuo contando os curtos centímetros entre a minha cama e o meu piano.

Sou mais uma vítima da música e dos sonhos destruídos, procurando pelas cores, nas cordas paradas sem quem lhes toque...

quarta-feira, abril 14, 2004

quando o caminho tem fim...

- (...) tou com uma moca, que nunca me senti assim... tou mais assim pra eskecer a saudade e eskecer os erros que cometi... (...) adoro-te

- (...) não percebi tua msg de ontem... (...)
- (...) arrependi-me e tou arrependido de ter seguido este caminho! (...)
- (...) Mas qual caminho tas arrependido de ter seguido? O da liberdade ou o do coração?...
- (...) o caminho do coração... não mais msg ok?


12/13 abril 2003

quinta-feira, abril 08, 2004

Encontrei o seguinte sem querer... lindo!!

Sexta-feira, Fevereiro 20, 2004
A NOITE DEPOIS DA NOITE ANTERIOR.
Agarro-me ao silêncio de um quarto de hotel onde cai a noite.
No silêncio abrigo-me das palavras rasgadas nas paredes de outros quartos.
Saio espalhando-me rua fora. Comigo apenas a luz ténue de uma lua delgada que espreita o meu destino.
Caminhando, ergo-me numa sombra sinuosa que te desenha em cada suspiro que sou.
Depois a escadaria que me recorda a noite anterior. Passo a passo numa porta que abandono; já aberta e fechada de seguida.
Lá dentro sento-me e espero numa impaciência sempre suspirante. Quase nada de espera. Todo eu um suspiro enorme.
Chegas. Abraço. Abraças-me. Porque eu sinto. E sinto, bastante.

Vítor.



Ver o site Conversas Escritas


Sem palavras...

A change... (Hands on Approuch)

Depressão?... nem quero ouvir falar mais disso! Acima de tudo precisava de tempo que fosse capaz de quebrar a minha rotina habitual e que marcasse a diferença... ao fim de meses, vivi-o!!....... :) Contudo, não consigo deixar de me sentir cansada, da cabeça e dos braços...

À algum tempo para cá tenho-me apercebido, através da minha stora de piano, que o mais importante é nunca parar de tocar piano. O mais evidente este ano é que chumbe, por razões nítidas de saúde, e, infelizmente, confrontei-me este ano com pessoas que também não tinham muito tempo para estudar o seu instrumento e uma delas chegou mesmo a desistir de piano... Mas, porque ando eu numa escola de música?? Para passar todos os anos de seguida e ter tudo escrito no meu currículo, ou para viver e saborear a música, procurando a felicidade que outrém perdi? Pelas palavras da minha stora de piano, não é assim tão importante o ano em que estamos, porque afinal, mediante o trabalho do aluno, ela costuma dar peças mais avançadas que o grau em questão. Mas... acho que o meu problema neste momento é (mais uma vez) a distância... a distância do que é a música no seu sentido íntimo na realidade e os limites pré-musicais a que os meus braços me submetem à semanas...

Liguei hoje à minha stora de piano. Dei-lhe o ponto da minha situação pianísticó-musical. Pediu-me para eu não voltar a tocar piano... disse exactamente a expressão “nem uma nota sequer” (para que os meus braços descansassem mesmo), e disse para dentro de uma semana eu telefonar-lhe outra vez para nos encontrarmos... Toda esta situação é compreensivel, mas eu não a consigo compreender... :’(

Todas as noites contemplo, já deitada, a maravilha preta que está aproximadamente a metro e meio da minha cama, com uma bonequinha vermelha de porcelana em cima (que num dia simples um pequeno, inocente, com 13 anos frescos do dia anterior, me dera depois de uma grande corrida até mim), e recordo os segredos dentro de cada tecla... Interrogo-me consecutivamente como consigo eu estar tão perto de algo, diria mesmo estar tão perto de “alguém” (sim, porque o meu piano tem alma e é alguém) e ter que suportar a distância de não poder/conseguir falar com esse alguém por tanto tempo...

Estarei eu “oficialmente perdida” em mim?? Sim, eu sei, tenho de ter calma.... Mas pergunto-me tantas vezes se o meu “destino” será sempre perder o comboio e ter que aprender e habituar-me continuamente à distância de um sorriso... de uma música... de um amigo...

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