De regresso...
Faz hoje um mês que não postava nada aqui...
Engraçado como num mês mudei tanto, a nível de saúde muito melhor, mas ainda não "normal" e a nível psicologico mais receptiva à vida e às memórias que permanecem contra a vontade.
Senti a falta de quem não esperava... e apercebi-me que, por incontáveis noites seguidas, sem me dar conta, não me lembrei de quem mais costumava lembrar, devido ao "tipo" de sentimento... Quando me dei conta, já tinham passado uns 11 dias desde o inicio do festival, aproximava-se o seu fim. O trabalho diário e o cansaço ao anoitecer fizeram-me pensar nas pessoas que mais estiveram cmg e/ou mais me ajudaram nos últimos tempos... pessoas que contaram com a minha ajuda quando precisaram... resumidamente, pessoas que mereciam a sua memória e enaltecimento enquanto eu tocava, mesmo para público no Festival...
Só toquei para público uma única vez (por opção minha). Nesses 10 minutos, o público era pouco mas estava lá Michael Tseitlin (director principal do festival e professor de violino mt conhecido internacionalmente - como os outros professores), Nina Schumann (a professora de piano da Isa), Patrick Dheur (o meu professor no festival), Luís Magalhães (professor de piano também e marido de Nina Schumann), Vera Belozorovich (a minha stora de piano durante o ano lectivo), uma professora do Japão ou algo do tipo (mas não professora dakele festival) 3 ou 4 jovens alunos que iam tocar peças absolutamente irreais humanamente(dakelas coisas que só imaginamos ouvir do computador...) e a família da Isa. Foi algo único... Mas talvez o primeiro momento em que consegui ser com firmeza a figura que a música me pedia e consecutivamente sentir o diálogo com a Isa (que tocava cmg akele concertino) e consequentemente com o público.
Recordo-me muito bem que, antes de entrar no pequeno lugar com dois pianos de cauda, onde eu e a Isa íriamos tocar, eu disse-lhe:
"Isa, entre as hipóteses que me deram, relativamente à minha personagem, eu já escolhi... vou seguir o caminho do pensamento russo nesta peça: o dramático. Sei que conseguirás tocar a tua parte contrastando comigo, e fazendo o céu que todos desejam... Afinal tu és o céu, a abertura para algo bonito, algo mais... eu sou exactamente o contrário..."
...e em breves segundos pensei:
"durante 10 minutos kero sentir que consegui falar sem o limite e o medo habitual... sentir a certeza de que partilharei o que preciso, o que se colou bem dentro de mim, transtornando-me e rejeitando a minha felicidade..."
E disse-o. Senti-o e vivi-o... na música.
Eu fui eu, mais sincera que o meu inconsciente.
Mais viva na música, que se apoderava das partículas do ar e dos ouvidos presentes naquela sala, que propriamente no toque dos meus dedos nas teclas daquele piano de cauda...
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