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Confidências de uma tocadora de piano

Música de fundo: tema do filme "O Piano"

quarta-feira, setembro 29, 2004

O meu mundo... mas qual mundo??!...

Eu não vivo num mundo, mas num buraco, de portas trancadas e janelas cerradas uma semana por dia. Até nos meus sonhos elas abafam o oculto...

Tecto sombrio e cantos obscuros.
Em cada parede uma memória que se vê e que chora.

Ambiente inicialmente não familiar, mas agora vulgar.
Piano impenetrável, de janelas e portas inválidas, cuja música pendurada nas teclas desfalece e expira.

Afundo-me, descontente...
Pelo menos vou sozinha.

sábado, setembro 25, 2004

Dou-me por vencida... mais uma vez...


Ainda ontem me falaram de uma rapariga que perdeu a melhor amiga, atropelada por uma moto...
Pensei para com as teclas do meu piano... melhor amiga(o)? Das únicas pessoas que ainda me faziam sentir bem, já à muito que me dizem sempre que não podem estar comigo... é que, nem mesmo pra tocarmos e fazermos musica! Basicamente, arranjaram parceiro e, enfim... já é dificil hoje em dia, no grande concelho de Lisboa, ter tempo para os amigos... talvez o problema seja meu... mas é demasiado estranho!!... Para além que, quando estou com uma dessas pessoas, ela trata-me como se fosse minha mãe, obrigando ao desnecessário...

Sinto nitidamente que cada vez me conhecem menos. E, obviamente que rápidos minutos de presença física, ou simples conversas de MSN não dão pa conhecer assim tão bem pessoas que não se mostram ou não se dão a conhecer facilmente...

Resta-me uma pessoa que se preokupa imenso comigo, mas com a qual eu não me sinto muito bem... e uma outra que é uma espécie de “amizade esperança”...

Estranho... só conseguimos avaliar as pessoas com quem falamos (se é que é mesmo possivel avaliar tal situação) quando vivemos longos dias sozinhos em todos os sentidos...

O piano?... um pouco constipado (necessita urgentemente de ser afinado) mas em termos de repertório tou muito contente. Tenho um vasto repertório, e cada vez mais dificil... A minha stora de piano está com grandíssimas expectativas em relação a mim... tantas que me assusta imenso...!! À dias pôs-se a falar dum concerto dedicado ao compositor da peça a 4 mãos que ela deu (a mim e à Isa) para tocarmos... e, entretanto falou do Presidente da Rússia e do ministro lá não sei do quê... enfim, a minha stora anda a sonhar alto!

Peças para começar a trabalhar na próxima aula de piano:
Debussy – Prelúdio nr 10 (first book) – La Cathédrale Engloutie
Haydn – Concerto para Piano (no minímo o 1º e 2º andamentos)
Tchaikovsky – Peça a 4 mãos, com arranjo do compositor Debussy (não sei o nome da peça, há letras em russo que ainda não sei decifrar...

Geralmente ela pede que toque as outras peças do repertório para ver se tenho estudado como deve ser... apesar que, na primeira aula de piano (que foi nesta semana que passou) passaram-se duas horas de aula seguidas, sem sequer darmos conta... e simplesmente não vimos tudo o que eu trabalhara... Enfim, os Bach’s (Prelúdios e Fuga), o Estudo nr 12 op.25 de Chopin, que me deixa os dedos incontroláveis à velocidade abusiva que akilo deve ser tocado(!), Estudo Arensky com umas passagenszinhas muito engraçadas (e muito rápidas) :S e mais uma ou outra peça...

Bom... hoje acabei praticamente por fazer só um “testamento” a explicar um dos motivos pelo qual ando e andarei mais ocupada... Em resposta a uns pedidos feitos à uns tempos atrás, quero ver se na próxima semana consigo pôr por cá uma ou outra gravação... Mas ainda tenho de ver como me consigo gravar a tocar...

Saudações musicais...

sábado, setembro 18, 2004

"tens na música um amor q n faz sofrer
mas posso-te dizer q tens no coração um amor a arder
se n queres q arda tens de ensinar ao teu coração a razão
e explicares a ele (coração) claramente o que tens a fazer"
.
Obrigado ao Sr. "Malandro"

Músicas novas... novas confissões... ;)

Vou ter um repertório muito dificil para o próximo ano lectivo... e diga-se de passagem que não vai ser um repertório só, mas o repertório habitual para passar o ano e mais umas quantas peças... Pelo menos vou tocar músicas que amo imenso: estudo nr 1 op.19 de A. Arensky, um prelúdio de Debussy, o estudo nr 12 op. 25 de Chopin... Enfim, entre outras coisas de que sou obrigada a tocar (tipo sonata de Scarlatti e 2 Prelúdios e Fugas de Bach, do Cravo Bem Temperado...). Entretanto também tenho visto o Concerto para Piano de Haydn e, bem, completamente abusivo, como é de esperar, a minha stora deu-me o Concerto para Piano nº1 de Rachmaninoff... Claro, é só para apreciar a partitura porque, enfim... ela até referiu só o 2ºandamento (obviamente, o mais lento) mas mesmo assim.......
.
Bom, isto pa dizer que este ano quero dar prioridade à música... é difícil conciliar duas artes no mesmo dia quando à mais coisas que jogam com a nossa vida. Escrever... não, não vou deixar, simplesmente aquelas coisas que sentimos quando passamos algum tempo a olhar para uma folha vazia ou para um documento vazio do word vão surgir menos vezes...
.
Enfim, por hoje as minhas palavras estão demasiado cansadas para surgirem espontaneamente por um olhar semicerrado. Deixo algo dedicado a uma violinista que se vai estrear como professora do instrumento que ama hoje!... Um abraço :)

"Às vezes damos tanto de nós que, quando menos esperamos, cai do céu a recompensa que menos esperávamos..."

segunda-feira, setembro 13, 2004

Ando doente... também fisicamente mas... a minha recém angustia não passa pelas pesadas dores de cabeça ou pela dessincronização entre um ouvido e a garganta. Tudo o que tenho escrito ultimamente, é demasiado pessoal para publicar. Deixo, no entanto, palavras que tenho lido nas horas nocturnas em que o sono é afastado por gotas cintilantes...
"Oh, Deus, contemplai a bela natureza e resigna-te ao que tem de ser. O amor tudo exige, e com razão; eis como me sinto para contigo e tu para comigo.
Apenas tu esqueces facilmente que preciso viver por ambos, por ti e por mim. Se estivéssemos totalmente unidos, sentirias a dor tão pouco quanto sinto."
excerto do livro "Minha Amada Imortal"
(a história do grande amor de Beethoven),
romance de James Ellison
__
PS - O meu grande amor continua a ser o piano...

sábado, setembro 11, 2004

Fui vencida pelas artes!

Hoje bati o record...
Acordei radicalmente diferente, com o telefone a tocar, depois de só ter dormido 4 horas . Arghhhh! Detesto quando isso acontece e ainda por cima o telefonema nem era pra mim! Passei a manhã toda a fazer um relatório sobre um jornal do qual exerço um cargo importante. Considero o meu trabalho desta manhã como uma reflexão, e não tanto como "trabalho" apesar de ter de o apresentar... O almoço foi akela improvisação que, enfim, tal como akeles gajos do jazz que improvisam até o saxofone estar inundado de saliva :p Entretanto só de tarde consegui tocar piano... As horas foram passando, ainda tive uma espécie de reunião (apesar da falta indispensavel de alguns membros - não te preokupes Clara, nao foste a unica...) e quando cheguei a casa à noite, fechei-me no quarto e finalmente acabei mais uma pequena história que tinha começado em julho, mas o fim...

O fim... o fim das histórias.... é como o fim de grande parte das melhores músicas mundiais... Vem sendo preparado ou talvez não, mas assim de repente vem algo "forte demais" e pronto: "The End meus amigos". Interrogo-me porque só consigo escrever assim os fins... e porque não os inícios e o desenvolvimento?! É como nas despedidas... passamos tanto tempo com algumas pessoas, mas quando nos despedimos é aquele corte na garganta que encerra mais um capítulo à história...


"Lembro-me, o tempo não existia. Não havia preocupações, nem horários a cumprir. A música preenchia-me completamente.

Foi então que, no momento mais inesperado me aproximei do fim, a parte que mais me identificava e me fazia tocar num eu desconhecido... Com o quarto dedo aterrei suavemente na última nota do estudo, sobre um acorde previamente em pedal, e deixei soar...

Lembro-me, ficou a soar... como uma meta que desejara até ao fim de uma vida eterna. “Sou feliz!”, sonhei. Nunca me ensinaram a tocar piano, nunca me ensinaram a viver ou sofrer... mas aprendi a ouvir e a sonhar. Dentro de mim, articulo os dedos que me fazem permanecer no real, enquanto deixo soar, na música, a irrealidade que me torna feliz."

in "Lembro-me, por acaso"

(MT)


terça-feira, setembro 07, 2004

Arrumações definitivas


Buscando em ti as pautas da minha vida, deparo-me com o sorrir dos minutos e o chorar dos dias... A presença de uma música que só sentias quando me vias a tocar em palco... e a ausência desta quando me ouvias a longa distância...

Estou diferente, assim como tu.

A diferença entre ver alguém a tocar ao vivo ou ouvir a mesma musica através de um cd ou telefonema é imensa, mas quando se sabe do que se gosta, nunca se deixa de sentir a música, independentemente das interferencias distanciais...

domingo, setembro 05, 2004

Dmitry Shostakovich... meu amado...


Cheguei a casa.

Coloquei na aparelhagem o cd que comprei num dia muito complicado - hoje. Encostei completamente a porta do quarto e acendi uma vela. Tirei o caderno e a esferográfica da mala, logo após ter baixado a persiana e corrido as cortinas. Quase não vejo o que escrevo, mas o segredo é sentir, e não tanto o ver físico.

O Schostakovich... gostava mesmo de ter conhecido esse gajo. Tudo o que compôs é tão indiscutivelmente único e característico de si mesmo... Como seria ele? Devo acreditar e confiar nas palavras desses livros comercializados, cujo objectivo fulcral visa o lucro e nem sempre a educação e o formar do leitor?!...

O Quinteto para Piano e Cordas em Sol menor, que oiço neste momento, é o auge de todas as minhas formas de estar e de viver. O meu pensar, o meu sorrir, o meu chorar, o meu viver,... e mesmo o meu morrer. Esta música, de duração superior a meia hora, consegue ser o meu eu, mesmo sem eu saber quem sou... (mas a música sabe!). Como é que o Schostakovich teria adivinhado?! :P Interrogo-me se ele também se identificava tão exclusivamente com esta que escreveu... Assim sendo, casava com ele se ainda estivesse vivo fisicamente! (obviamente, caso ele também o quisesse... :P ).

Gostava que cada letra minha fosse, na sua sucessão, uma nota deste quinteto... Eu fecho os olhos e vejo uma história tão forte e tão característica dele... Como é possível?!...


(Entretanto, parei de escrever por poucos segundos e, sem me perceber, a caneta escorregou pela cama e caiu no chão. Quando acordei ainda tinha os olhos molhados...)

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